Preferimos não nos calar.
Amigos, claro que sebemos que a maioria não quer se envolver. Sabemos que ninguém quer parecer bobo, e a moda agora é chamar de bobo quem acredita em política. Todos querem parecer espertos, morais, éticos, críticos e inteligentes.
Sebemos que ninguém quer parecer ingênuo e iludido diante de tantos escândalos batendo - por meio da mídia - à nossa porta. Mesmo quando dentro dessas mesmas portas nossas vidas tenham mudado e melhorado.
Queremos estar cheios de certezas e canalizar nossa vontade de mudança para alguma ação que se contraponha ao que não concordamos.
E estamos aí, diante de uma eleição crucial para o futuro do nosso país e nossa ação concreta se traduzirá em votos e esses votos se traduzirão em ações de um governo eleito democraticamente.
Estamos te convidando a pensar na seguinte questão: a democracia que se traduz nos votos não é reflexo de uma democracia que exista nas formas de fazer as campanhas e conquistar esses votos.
Há duas campanhas em andamento. É possível que você acompanhe mais uma do que outra e é até mais provável que você queira ignorarar as duas. É um direito seu, mas é também uma forma de passividade.
A questão é que essa passividade - às vezes revestida de nojo - também está sendo usada como uma forma de fazer política. Ser passivo nesse momento é ser útil a alguém que lucra com sua passividade.
Há duas campanhas e dois projetos de Brasil em questão, sua passividade não vai trazer um outro Brasil para você viver. Será um ou o outro. No dia 31, mesmo que você vote nulo, um dos projetos sairá vencedor.
Motivos para descrer da política, todos temos de sobra.
Motivos para horrorizar-se diante da corrupção e do descaso com que é tratado o cidadão brasileiro, não nos faltam.
Por outro lado:
motivos para acreditar que a passividade possa alterar essa realidade, é que não encontramos.
Motivos para acreditar que há outra saída que não seja o embate político de idéias, é que não encontramos.
Motivos para acreditar que a decisão individual do voto nulo vai excluir você das consequências coletivas do resultado das urnas, é que não encontramos.
Sim, os resultados dos governos são sempre muito diferentes das promeças e esperanças anteriores às urnas.
Por isso, ninguém quer se envolver, ninguém quer se comprometer e ser responsável por qualquer das escolhas.
Ninguém quer ser responsável por nada. Mas com isso conseguimos de volta apenas o que entregamos: nada.
Entregar alguma coisa, um pequeno esforço - pequeno que seja: votar, defender uma idéia - implica responsabilizar-se e comprometer-se com o resultado coletivo de nossa entrega individual.
Mas acontece que se os resultados não forem plenamente perfeitos seremos então os "bobos que acreditaram, que se entregaram, que se comprometeram, que votaram". Ninguém quer ser bobo.
Ser esperto é ser do contra, é não acreditar em nada, é seguir a onda das críticas que parecem mais contundentes ou de onde vier a gritaria mais forte. Assim, continuaremos passivos e ligeiramente vencedores, espertos e com razão.
É sobre as críticas e a gritaria que viemos falar. Sobre seu teor, de onde elas vêm e como elas nos chegam.
Claro que muitas falhas e descontentamentos foram produzidas pelas gestões do PT em muitos lugares e no âmbito Federal em muitas áreas. Qualquer um sabe disso. Todos nós sabemos.
Mas gostariamos de convidar você a pensar de onde as críticas estão vindo, como são produzidas, como nos chegam e servindo a que propósito.
As críticas chegam de todas as partes e são necessárias e importantes. Mas não seria necessário e importante que aqueles que desejam transformar essa crítica em proposição política de oposição com vistas nas urnas tivessem feito algo melhor quando tiveram a chance? Mesmo considerando todas as falhas e todos os escândalos sobre os quais você foi fartamente informado, você se lembra mesmo de ter vivido melhor? De ter o crédito que tem hoje? De ter visto o desemprego em índices tão baixos e o crédito para compra de moradias tão fácil? Você se lembra de algo parecido com isso?
Claro que uma coisa não compensa a outra. Corrupção e escândalos não podem ser compensados por crescimento econômico, crédito, custeio de casas proprias e geração de empregos. Mas você acha mesmo que o candidato e o partido que se apresenta como oposição está isento de corrupção e escândalos e que pode garantir o que já foi conquistado? Quanto à corrupção e escândalos basta procurar um pouco, quanto às garantias das conquistas sociais basta lembrar que nehuma das gestões do candidato ou de seu partido em qualquer âmbito teve o Social ( diminição da miséria, emprego, crédito popular ) como como foco principal.
As críticas são produzidas em muitas fontes o que é bom e democrático. Mas você não acha que quando a crítica vira negócio ela perde em qualidade e isenção. Quando um governador destina em 2009, ano pré-eleitoral 313 milhões para a verba de propaganda, quando faz sem licitação o maior contrato do Brasil de assinatura de revista e jornais, não está comprando a crítica para sair candidato depois? Ainda, a crítica que se vende barato ou que se venda e cega para os possíveis acertos do criticado ou até para os possíveis defeitos do seu comprador, merece mesmo sua credibilidade?
Sabia que pensando nisso, pensando em você - que sabe que a mídia tradicional é venal - exatamente para você, foi criado na campanha de oposição um novo instrumento: uma equipe especializada em divulgar calúnias, piadinhas, achincalhes e etc para serem distribuídos por e-mail para todo o Brasil desde o início de 2009. A equipe especializada tem 1000 funcionários e pode disparar até 152 milhões de e-mails por dia, é capitaneada por Eduardo Graeff. Você já deve ter recebido muitos desses e-mails. Ali não há crítica, não há análise, não há nada, apenas achincalhe e tentativa de "horrorizar moralmente" a classe média, você.
As críticas nos chegam por e-mail. E as análises onde estão? As reflexões sobre o Brasil que melhorou e no que pode continuar mudando, onde estão? Não estão em lugar nenhum, nem nos e-mails nem na mídia tradicional, só podem ser construídas por você e pela sua rede virtual - mesmo sabendo que em todos os sites de relacionamento há "trols" - funcionários treinados e pagos para canalizar o ódio dos mais sucetíveis contra quem tentar defender ou ponderar as ações do Governo atual. Você já recebeu esses e-mails, são tantos e tão profissionalmente bem feitos que não saíram de pessoas comuns que dicutem e se colocam politicamente. São profissionais treinados para o ataque, sem nenhum fundamento crítico ou respeito à verdade.
As críticas servem a um único propósito: devolver a Presidência do Brasil ao PSDB-DEM, mas isso não é apenas um "gosto" político ou desejo de uma "estética diferente" para o poder. O propósito é outro, muito maior e perigoso: aprofundar a terceirização do Estado como o que já acontece em São Paulo na Saúde ( Lei 14.132/2006, proposta por Serra ). Essa Lei repassa às Organizações Sociais Privadas ( OS ) os deveres do Estado. Além de muito bom negócio para as empresas privadas que recebem MUITO do Governo para oferecer nada à população, nós - os contribuintes - perdemos qualquer possibilidade de enfrentar a situação. Nós não votamos para presidentes de Organizações Sociais Privadas, votamos? Não, nós votaremos para Presidente do Brasil. Você vai votar.
A idéia de Serra é terceirizar a Saúde, a Educação, a Cultura, a Ação Social, o Esporte e o Meio-Ambiente ( isso já está em andamento em São Paulo! ). Ficaríamos na mãos das empresas e sem nenhum instrumento de defesa como é o caso da telefonia. A quem você pode recorrer das suas contas absurdas, dos erros cometidos, das falhas, das cobranças indevidas, dos preços elevados? A ninguém. Resta a você apenas ficar pendurado horas escutando musiquinha e digitando números após comandos eletrônicos destinados a fazer você desistir de reclamar. Você pode imaginar isso na Saúde, na Educação, na Cultura, na Ação Social? Isso não te procupa?
Em São Paulo já está instaurado o apartheid da Saúde ( duas filas: SUS e Particular ) é preciso te informar qual é a maior e a pior atendida? Sim claro, nunca foi boa a Saùde Pública no Brasil e temos que ir para cima do poder público para que esse estado de coisas mude, mas se deixarmos que se terceirize Saúde, Educação, Cultura, Ação Social, Esporte e Meio-Ambiente, não teremos mais Estado para "ir para cima", não teremos como "votar para mudar", nenhum de nós terá como discutir as ações da Secretaria da Cultura/Saúde/Meio Ambiente/Esporte/Ação Social - porque elas deixarão de existir e uma Organização Social Privada particular tomará seu lugar. A quem vamos reclamar? Como poderemos nos contrapor? Como poderemos interferir? Como poderemos votar esperando, mesmo que ingenuamente, mudanças?
Sim, sabemos que o voto pode pouco e muito precisa ser feito para continuar construindo o país depois das eleições. Mas precisamos garantir que haja Estado para que possamos cobrar dele as ações que desejamos. Se deixarmos que o Estado seja destruído, terceirizado nas suas obrigações mais básicas - Saúde, Educação, Cultura, Meio Ambiente, Ação Social - não teremos a quem reclamar quando chegarem à mãos dos estudantes cartilhas contendo mapas com "dois Paraguais e nenhum Equador", informando que Colombo chegou à América em 1942 e não 1492 e etc - esses exemplos foram retirados das "cartilhas terceirizadas" da educação em São Paulo. Quando os professores forem terceirizados, ninguém mais vai reclamar ou sequer ficar sabendo, os professores se calarão por medo de perder o emprego na empresa particular que irá gerir a Educação "Pública". O mesmo acontecerá na Saúde, na Ação Social, no Meio Ambiente, na Cultura e no Esporte - para começar a terceirização do Estado.
Não fique passivo diante disso. Vote contra isso. Conquiste votos contra isso. Ou apenas permaneça passivo e impotente como cidadão, como já fica quando reclama ou desiste de reclamar de sua conta de celular, telefone ou banda larga. Mas fique passivo e sabendo que será a Educação, a Saúde, o Meio Ambiente, a Ação Social e a Cultura que estarão em do outro lado da musiquinha.
Nós prefirimos nos manifestar e pedir o seu voto em Dilma Rousseff para Presidente do Brasil no dia 31 de outubro.
Quam somos nós?
Aqueles que ainda querem ter um Estado Brasileiro para continuar construindo.
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